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Após episódios como a morte de Felipe, aluno da FEA, todos nós passamos a nos preocupar e questionar se é realmente seguro andar pela USP. Temos medo mesmo de atravessar a praça do relógio, ou ter que passar pela Rua do Lago, ou do Matão sozinhos, ainda mais à noite, ainda mais se formos mulher. Isso sem contar com os recorrentes casos de estupros que, no entanto, são abafados.

Nesse contexto, parte d@s estudantes e da comunidade acadêmica reivindicou a entrada efetiva da Polícia Militar (PM) na USP para conter e evitar que tais acontecimentos se repetissem. Em setembro, foi assinado pele reitor João Grandino Rodas, um convênio entre a USP e PM, que permitiu sua atuação e o estabelecimento quatro bases da polícia dentro do campus.

Vale também lembrar que ainda assim, há poucas semanas o CALC (Centro Acadêmico da ECA) foi arrombado e furtado durante a madrugada, com um prejuízo de aproximadamente R$ 10 mil reais, e furtos dentro do campus continuam acontecendo.

São válidas também outras observações: quando o aluno Felipe foi morto, a PM havia entrado há poucos dias na USP para fazer rondas. O assassinato, que é bem incomum na história do campus, não deixou de acontecer. O furto ao CALC não foi um operação discreta e silenciosa: o portão da Vivência e a porta do CA foram arrombados, e não se roubaram dinheiro, mas sim, toda a equipagem de som, que são usados nas QiBs e seriam o utilizados na programada Woodsteca, caixas de cerveja, e um computador. Um carro apenas não seria capaz de levar tudo isso. Ninguém viu nada e ninguém ouviu o arrombamento. Apenas dois dias antes do ocorrido, dois policiais estiveram no CALC e na Vivência. Semanas antes, alguns alunos da ECA e funcionários terceirizados se queixaram por serem enquadrados agressivamente pelo corpo da PM, que baseia suas abordagens em preceitos preconceituosos e racistas, dentro e fora do campus.

A polícia militar é uma corporação que elege negros, pobres e militantes de movimentos sociais como seus alvos prediletos; que, apesar de pública, é fechada, sem transparência, rigidamente hierarquizada, sobre a qual a população não tem qualquer controle; que tem como modos-operandi a chantagem, o suborno, a ameaça, a vingança; que constantemente se envolve em escândalos de corrupção, em episódios de tortura e abuso de poder que vitimizam de motoboys a juízas; que no passado fomentou grupos de extermínio e hoje cerra as fileiras de milícias criminosas; que protagonizou alguns dos episódios mais tristes da história recente do país, como os massacres do Carandiru, Carajás, Corumbiara, Vigário Geral, Candelária, Acari e Queimados; que, a título de honra e vingança, executou mais de 400 moradores da periferia de São Paulo após os ataques do PCC em maio de 2006. Em resumo, uma corporação falida, que definitivamente já mostrou não ser capaz de servir e proteger a população.

Na última quinta-feira, após uma série de “enquadros” pouco sucedidos, a PM flagrou três estudantes portando maconha. Esse fato gerou muitas reações que puderam ser vistas por tod@s nas primeiras capas de jornais e nos principais noticiários da televisão. Mas acreditamos que os marcos colocados no debate, de colocar estudantes como defensores de privilégios, de quererem fumar maconha sem serem incomodados, etc, não são os marcos que devemos fazer o debate.

Chamamos a assembleia para que tod@s estudantes da ECA possam debater sobre o que representa a PM, e qual o sentido de sua presença no campus; debater o que é a violência e como podemos construir uma universidade – e quiçá uma cidade – mais seguras.

Acreditamos que precisamos rediscutir o papel da Guarda Universitária. Nós da gestão Pandora, do CALC, entendemos que ela não cumpre o papel de segurança preventiva da comunidade USP. Ela não zela pela segurança das pessoas, mas tão somente pelo patrimônio físico da Universidade. Acreditamos que a PM não cumpre função de segurança, seu histórico de atuação dentro e fora da USP foi sempre de repressão à movimentos sociais,com atuação sempre truculenta e violenta.

Reivindicamos que a Guarda Universitária deixe de ser o que é atualmente, e passe a ser de proteção pessoal da comunidade; que haja uma formação apropriada e humanista para esses trabalhadores; que seja incluso no quadro da guarda mulheres, em casos de estupro, que infelizmente são muito recorrentes aqui; que haja iluminação pelas ruas da USP, que haja mais ônibus circular interno, e que a Universidade, ao invés de se fechar para o restante da cidade, deve se abrir e integrar a comunidade externa, o que inclui maior circuação de ônibus, inclusive nos finais de semana.

Vamos debater tod@s junt@s e definir o posicionamento dos estudantes da ECA sobre tudo isso. Somente unidos os estudantes conseguem opinar e transformar a realidade.

Assembléia Geral da ECA  Dia 03 | quinta |17h naVivência